Como tomar uma decisão?
- Júlia Oliveira
- 4 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de dez. de 2024
Decidir sem saber: A incerteza como parte do processo
Tomar decisões é sempre caminhar por uma estrada desconhecida, sem garantia de que o caminho escolhido será o mais bonito, o mais certo ou o menos difícil. No fundo, decidir é um ato de incerteza. Não há um apoio sólido que ampare nossas escolhas, além da aposta de que, ao escolher, estamos abrindo portas para novas possibilidades — e também renunciando a todas as outras opções que ficaram para trás.
Quando escolhemos, seja qual for a decisão — como qual faculdade cursar, com quem nos relacionar ou até se vamos ou não a uma festa —, abrimos um novo caminho, mas também deixamos para trás todas as alternativas. Cada escolha implica a perda de outras possibilidades, mas também nos coloca diante de tudo o que esse novo caminho pode trazer.

Como tomar uma decisão?
Não temos como saber, de antemão, onde cada escolha vai nos levar. Às vezes, aquilo que parecia uma certeza se transforma em algo incerto depois de realizarmos. Pode ser que tenhamos certeza de que algo é o que mais desejamos, mas, ao concretizá-lo, percebemos que não era bem isso. Ou ainda, que algo que parecia errado, ao ser vivido, se revela uma decisão acertada.
Muitas vezes, é só depois de tomar a decisão que vemos se estava ou não alinhada com nosso desejo. É no viver do caminho que percebemos se ele realmente nos conduziu ao que queríamos, ou se nos levou a um lugar diferente, mas igualmente relevante.
O desejo e o não saber
Com Lacan, aprendemos que o desejo não é uma busca por algo definido ou fixo, mas um movimento contínuo que se revela no processo. O desejo não está em uma certeza final, mas naquilo que está entre o "não saber" e o "arriscar". Não é através de uma análise profunda e racional que descobrimos uma vontade essencial e imutável, mas no movimento que nos impulsiona a agir, mesmo sem saber exatamente onde vamos chegar.
Na verdade, a busca pela certeza pode ser mais aprisionante do que libertadora. Ao tentarmos encontrar uma resposta clara e definitiva antes de decidir, acabamos nos impedindo de arriscar, de nos abrir para novas possibilidades que só se revelam quando damos o primeiro passo.
Júlia Lopes de Oliveira
Psicóloga e Psicanalista
CRP 06/175367